“Um por todos e não todos por um”
“A primeira relação não deu certo, optamos pelo divórcio e encontrei alguém com quem queria viver a vida, bola pra frente!”
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Ao pensarmos a respeito de um casal recentemente morando junto, após terem estado um tempo, digamos, sozinhos após a separação dos primeiros cônjuges, há de levarmos em conta a existência de um hiato que nesse momento está sendo preenchido pela presença de novos elementos, em uma nova compreensão e definição de família. São pessoas oriundas de outras famílias com características potencialmente diferentes coabitando numa mesma casa e, ainda, possivelmente, mantendo vínculos e hábitos de outrora.
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Casais recasados (oficialmente ou não) com filhos de casamentos anteriores demandam um arranjo familiar de maior complexidade, são novas pessoas inseridas na intimidade – novos irmãos, novos tios e tias, novos avós – e outras realocadas, assim como, a indefinição do papel de cada uma. Quem educa, quem pune, quem ensina? Um cenário de incertezas, melindres, ajustes e adaptações.
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Assim como um divórcio, o recasamento apresenta questões complexas para as quais não existem soluções simples, igualmente, esses ajustes e adaptações não são resolvidas com a decisão de “juntarem as escovas de dentes”. O pensamento sistêmico tem entre os seus pontos fundamentais para essa reflexão, o princípio dialógico que considera ser possível articular e unir conceitos notados por antagônicos ou opostos, buscando compreender em contextos familiares que figuras aparentemente conflitantes, redundantes ou incompatíveis possam atuar conjuntamente, numa convivência harmoniosa na qual, caibam as figuras de padrasto e pai, madrasta e mãe, todos os recém chegados e até, as novas casas.
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A psicologia sistêmica na atuação de um psicoterapeuta familiar, pode contribuir na construção dessa tão sonhada vida a dois numa casa de muitos, num espaço seguro para se mostrarem, falarem de si, fazerem acordos, estabelecerem negociações, na tentativa de alcançarmos uma definição desse novo sistema familiar, de uma maneira construcionista. Com uma postura aberta e genuinamente curiosa, psicólogos de famílias, ajudam casais e filhos por meio de conversas terapêuticas, a atribuir sentidos a esse contexto familiar e às funções por cada um, exercida, numa reorganização sistêmica constante e flexível, adaptativa.
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…E que sejam felizes para sempre!