Assim como não existe “meio” grávida, ou você está ou você não está. Não existe estar em relacionamentos pela metade.
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Quando ouço relatos a respeito de pessoas que dizem não querer entrar totalmente em um relacionamento, ou, de estarem com pessoas que se entregam pela metade ao namoro, por exemplo, me vem à cabeça a cena onde pedimos, por vezes, que alguém “guarde” o nosso lugar na fila enquanto vamos bem ali e já voltamos. Ou, quando pedimos, novamente, que alguém “olhe” as nossas coisas (bolsa, chaves, etc.) enquanto vamos dar um pulinho bem ali, e de novo, já voltamos…
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“Dar um pulinho bem ali e já voltar” – essa frase me parece descrever bem esses moços que dizem estar em um relacionamento mas não assumem a responsabilidade que essa posição traz. Marcam seu lugar: cobram os bônus de namorado – satisfação social, emocional e sexual, exigem respostas à perguntas que mascaram entretenimento psicológico mas são interpretadas como ciúmes e supervalorização. Ah, esses moços…
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Me pergunto – e os pergunto: Qual o intuito de se manter no raso, ou, o que justifica empatar a vida de uma pessoa com promessas de uma vida a dois que na prática, não se sustentam? Qual o sentimento velado que fomenta essa relação e de fato, não a nutre? Há trocas, se sim, quais? me digam, o que vocês querem?
Namorar. Verbo transitivo direto e indireto que, entre outros significados, representa empenhar-se em inspirar amor a (alguém); galantear, cortejar; apaixonar(-se), seduzir ou deixar(-se) seduzir, atrair ou sentir(-se) atraído; terem duas pessoas em relacionamento amoroso contínuo ou por um período de tempo; mostrar interesse por; envolver-se por determinado tempo em; olhar com insistência e desejo; agradar-se de, desejar muito; cobiçar. Vou além, como psicóloga sistêmica que sou, penso nos ciclos naturais da vida, nos quais deixamos posições, como as da infância e pré-adolescência para darmos passos rumo à evolução humana, na construção contínua do indivíduo maduro – por exemplo, constituindo uma família, não necessariamente, mas experimentando emoções pertinentes a tais fases do ciclo vital. Trocas amadurecidas, responsabilidade com o Outro, empatia.
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Namorar, na fase adulta, é estar plenamente em uma relação. É estar disposto a construir algo, é estar a caminho de algo maior – o namoro maduro é uma experimentação responsável e empática de uma vida a dois e demanda presença, cumplicidade, fazer planos, compartilhar ideias e projetos de vida comuns, respeito à individuação, carinho e atenção. É estar para ser, e não ser sem estar. Entendem?
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Moço, se você não se sente pronto para namorar, não entre em uma relação. Se você quer curtir a sua vida – e tem TODO o direito de assim fazer – vá. Se quer brincar, pegue todos os seus brinquedos na casa da sua mãe e deixe o lugar disponível para outro que queira namorar. Se não sabe brincar, não desça para o play.
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Se ela não é sua prioridade, a deixe seguir sozinha.
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Com carinho,
Priscilla Freund