Nem tudo que reluz é ouro. Há de ter em conta o contexto.

Nem tudo que reluz é ouro. Há de ter em conta o contexto.

Nem tudo que reluz é ouro. Há de ter em conta o contexto. 150 150 Priscilla Freund

“Nem tudo que reluz é ouro”

Frase popularmente conhecida embora, pouco entendida na sua verdadeira concepção. Já parou para pensar o quanto esse dito popular que é, por nós repetido quase em tom de alerta aos outros. Não está exatamente relacionado a ouro, pode ser uma amizade que você sempre achou que era verdadeira, e descobre que é falsa. Nem tudo que reluz é ouro é uma gíria para dizer, nem tudo o que a gente acredita que é, é verdade. É quando adquirimos algo, pensando que é original e é falso, e isso se aplica, com igualdade, quando iniciamos ou, estamos em relacionamentos.

Tal-qualmente, nem tudo que reluz é ouro ou verdadeiro,  é ouro ou falsidade, é ouro ou fraude, é ouro ou dissimulação, é ouro ou traição, é ouro ou engano.

Como psicoterapeuta de casais e famílias na abordagem sistêmica (abordagem que entende membros de uma família e fora dela como sistemas complexos e interligados e interdependentes), vejo diariamente assuntos relacionados a traição – e não me refiro exclusivamente a traição consumada pelo envolvimento com pessoas fora do relacionamento de compromisso, mas, ao fato de trazerem em sessões assuntos como a falta de lealdade, mentiras, falatórios, boatarias,  disse-me-disses e uma sucessão de intrigas bem comuns aos sistemas familiares. Aos nossos, inclusive.

Deixa eu contar uma historinha leve mas que pode me ajudar a ilustrar o que digo na maior simplicidade da vida cotidiana mas que me deixou perplexa tal a minha presunção, em considerar que TODO o resto estaria errado e eu, tão dona de mim, não.

Uma vez, ao tomar café da manhã em um hotel muito conhecido por mim – pernoitava lá, no mínimo, umas 2x no mês, ao adoçar o meu café, senti gosto estranho. Mais uma colherzinha, então. Muito ruim. Pensei “esse café está estragado”. Vou preparar outro. E foi o mesmo. Café ruim de novo. “Que coisa, a turma da cozinha deixar passar um café estragado…” pensei.

Não fosse o detalhe no cenário: entre a máquina de café e o rechaud de ovos mexidos, estavam alguns potes de vidro com temperos e sal, para os ovos, e açúcar para as bebidas quentes, café, chá e cia.

Caiu a ficha!

Acreditando no que via: pote de vidro com pó branco próximo a máquina de café; no poder dos meus hábitos, eu, que conhecia aquele café da manhã de cor e salteado (oi?!); e quem seria estúpido de colocar outra coisa senão açúcar naquele pote?! num hotel  com padrão 5 estrelas de uma rede conhecida, só poderiam ter errado e servido um café estragado e……dei-me um chacoalhão: “Acorda, menina! Olha o cenário por completo, embora o que lhe interesse, seja a máquina de café expresso, há mais coisas a sua volta a serem vistas, por exemplo, os ovos mexidos, bacon, temperos e o SAL” – engoli a seco. E salgado.

Qual a moral da história?

Que nem tudo que você vê, sente, conhece tão bem, pode ser cem por cento verdade se não for levado em consideração o cenário. Cenários mudam, mudam os personagens, mudam os contextos. Pare, pense e repense, ouça a quem quiser lhe falar, reflita, enxergue os detalhes e pondere. Acredite, em verdade lhe digo: a força dos nossos hábitos, nos engana por vezes. E digo o porquê.

A mente humana não é exclusivamente racional, a mente humana também é emocional. Emoção e razão são as funções mais complexas de que o cérebro humano é capaz. Nossa vida cotidiana ativa operações mentais que envolvem sempre uma e outra, às vezes mais uma do que a outra, mas sempre as duas. As emoções são muitas e sensíveis para classificar, mas envolvem três aspectos: o sentimento, que pode ser positivo ou negativo; o comportamento e os ajustes fisiológicos correspondentes. Infelizmente (ou felizmente, pensando no instinto de sobrevivência), as emoções negativas – medo, ansiedade, estresse, raiva, – são mais conhecidas por nós, são experiências subjetivas que surgem quando nos percebemos em situação de ameaça, como meio de estabelecer hierarquias sociais, defender o que temos e na disputa, por parceiros, por exemplo. Toda essa engenharia é comandada por uma região denominada por Amígdala – é ela quem recebe as informações sensoriais e interiores, filtra e e faz os ajustes adequados, em outras palavras, é ela quem separa o real do imaginário.

A razão, por sua vez, com suas muitas operações mentais difíceis – raciocínio, resolução de problemas, cálculos mentais, formulação de objetivos de vida, ajustes de comportamentos sociais, etc., também trabalha com um extraordinário sequenciamento de informações – as recebe e armazena momentaneamente (“informação em trânsito”), compara com tudo que tem registrado na memória, e ao final, elabora planos de ações: Vamos colocar em prática uma resposta ao visto/ percebido/ entendido – ainda que, erroneamente.

Wow! Que arquitetura fantástica, e rápida! Sim, não fossem os lapsos que acontecem em qualquer grande operação, e que justamente, nos levam ao processo de melhoria contínua.

As coisas não são tão preto no branco. Há de se levar em conta o contexto. Cada contexto é único e muda de segundo para segundo: uma palavra, um gesto, uma expressão facial, a chegada ou saída de um ou mais personagens, fatores estressores externos, presença de desvios de personalidade ou transtornos, enfim, são muitas as variáveis complexamente favorecem a distorção da nossa compreensão, da cognição.

Numa psicoterapia de casal e/ou de família, abro um espaço seguro e sem julgamentos para trazermos à tona essa subjetividade, um olhar sem premissas, o entendimento do que, de fato, aconteceu. E posso falar? estar na presença das reais circunstâncias é revelador.

Com carinho,

Priscilla Freund.

 

 

 

 

 

Priscilla Freund

Psicóloga Sistêmica com especialização em Terapia Familiar e de Casal pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e Coach Executiva membro da Sociedade Latino-Americana de Coaching com especialização em Gestão Estratégica de Pessoas: Carreiras, Liderança e Coaching pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).

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