Um processo de Coaching pode ser feito por outros profissionais que não são psicólogos?
Essa é uma pergunta comum e isso não a torna simples de responder. Da mesma maneira que os motoristas de aplicativos e taxistas compartilham o mesmo mercado e provêm, igualmente, o bom e o mal serviço, penso que profissionais de outras áreas e psicólogos possam atuar nessa prática.
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Entretanto, pela minha experiência de muitos anos atuando com o Coaching nas organizações ou no meu consultório, percebo que é muito difícil um processo de Coaching que em algum momento não se esbarre em alguma situação que seja preciso recorrer à Psicologia.
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O Coaching acontece numa dimensão menos profunda que a psicoterapia (cognição/ comportamento), portanto, é possível que profissionais de outras áreas sejam treinados para fazer, desde que tenham tido uma formação completa em conteúdo, com carga horária extensa e reconhecimento, inclusive, internacional por órgãos competentes, e não, tenham passado por algumas horas de alta carga emocional, com apelo motivacional e relâmpagos, como alguns cursos que vemos por ai nas redes sociais que movem multidões e milhares de centenas de reais aos bolsos dos que vendem.
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Atuar como coach de alguém exige muita responsabilidade, perícia, parcimônia e respeito, uma vez que qualquer coisa dita a alguém que lhe considera como quem vai ajudar, é levado muito a sério e ganha um peso muito grande. Então, se esse profissional (coach) não tiver um preparo para saber o que pode ou não falar, ou, se pode ou não ajudar – conhecendo muito bem as técnicas, ferramentas, metodologia e sabendo conduzir a sessão e o cliente (coachee) de maneira responsável e com perícia, ou seja, se não se sente apto para lidar com o que vai vir (e pode vir de tudo), minha dica é: que nem comece.
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É um discussão enorme, sim. Tenho a resposta? não. Mas, alguém com maturidade, vivência, que tenha experimentado situações na vida que demandassem inteligência emocional, com muito estudo, muita prática, é fundamental para atuar com o Coaching, e não somente, com pessoas únicas e em contextos completamente diferentes. Vejam, só na Psicologia são cinco anos, estágios, equipes de supervisão, mais especializações, cursos de extensão, extracurriculares, workshops, congressos, painéis, leituras e mais leituras – quantas horas são necessárias para tudo isso, quantos dias, quantos meses, quantos anos?
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Com certeza, não cabem em um final de semana, nem em um ano…
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Espero ter ajudado a pensar e tomar uma postura mais crítica na hora de fazer a sua escolha por um profissional que te acompanhe, com objetivos definidos e resultados bem claros a serem obtidos.
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Com carinho,
Priscilla Freund