Sempre falamos aqui sobre como mantermo-nos bem enquanto pudermos viver – falo sobre dores e falo sobre amores.
Hoje, igualmente, escrevo a vocês sobre amar, embora, o seu amor não esteja mais presente, ao menos em vida.
Que difícil o tema, sim? Sim, aceito ser difícil mas perder pessoas e consequentemente sofrer, faz parte da experiência humana. Não vou dar uma receita de como passar pelo luto, uma vez que essa vivência é pessoal e intransferível – cada pessoa sente falta de um jeito e em tempo diferentes.
Apesar de toda a negação inicial, precisamos voltar a viver – com ou sem a pessoa que partiu, seja em vida ou pela morte. O luto, normal ou patológico é um quadro formado por sinais e sintomas específicos, entre eles: sentimentos de tristeza, raiva, vazio, desespero, culpa e autorrecriminação; choque; anseio pela presença do Outro; emancipação; alívio; estarrecimento, desamparo. Pensamentos de descrença ou preocupações acerca do futuro – e agora, como vai ser? Assim como, manifestações fisiológicas – perda de apetite, sonolência, falta de ar, dores no corpo. E igualmente, sinais comportamentais de evitação de falar da pessoa, passear ou visitar lugares comuns, guarda de objetos.
Entretanto, deixem-me contar que esse processo tem fases, todos esses sinais acima descritos acontecem nas fases iniciais – alarme, torpor, procura e depressão. Há de, pouco a pouco, chegar a recuperação e, por fim, a reorganização da vida.
Acostumarmo-nos com a falta, voltarmos às nossas atividades diárias e retomarmos o autocuidado. Voltarmos a ver graça nas coisas simples, a sentirmos sabor nos alimentos e sentirmos vontade de sair, estar com outras pessoas e sim, por que não voltarmos a sorrir?
Escrever cartas ou executar rituais de despedida ajuda nesse processo, conversar com familiares e amigos sobre a perda sofrida, rever fotos, revisitar lugares confrontando a realidade da perda ajuda a tornar real o que aconteceu.
Não consegue sozinho(a)? Busque ajuda profissional. A morte ou a perda de pessoas, inclusive, enquanto vivas já doem o suficiente, prolongar esse sofrimento é sofrer além do possível.
Da minha experiência ao perder pessoas queridas às vossas, com todo o meu carinho e respeito.
Sua psicóloga,
Pri Freund