” É uma tristeza, uma sensação de vazio…” – Essa angústia pode ter nome, quem sabe, até sobrenome.

” É uma tristeza, uma sensação de vazio…” – Essa angústia pode ter nome, quem sabe, até sobrenome.

” É uma tristeza, uma sensação de vazio…” – Essa angústia pode ter nome, quem sabe, até sobrenome. 150 150 Priscilla Freund

Não, não me refiro a alguém, embora, possa até envolver alguém. Hoje escrevo sobre um mal maior que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) foi considerada a doença mais incapacitante do mundo e são inúmeros os casos de pessoas expostas a tal sofrimento, escrevo sobre a depressão.

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Apesar dos inúmeros casos de depressão na população, afinal todo mundo conhece, no mínimo, uma pessoa que tem ou teve depressão, ainda há muitos mitos sobre esta doença, entre eles, cito: “fazer corpo mole”, preguiça ou falta de iniciativa, fingimento, fraqueza, falta de vontade de se ajudar e até, ausência de fé. O estigma que vem juntamente com a depressão e que impede muitas pessoas de buscarem ajuda por vergonha ou até mesmo por desconhecimento dos primeiros sintomas, contribui para que mais e mais pessoas sofram no limbo da ignorância, e por ignorância, por favor não me leiam com a conotação pejorativa, mas sim por ignorarmos a ciência.

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Depressão é um transtorno mental disruptivo da desregulação do humor, é um quadro complexo que envolve muitos fatores, entre eles, os genéticos, psicológicos, ambientais, história de vida do indivíduo e contextuais em sua origem. Após um dia difícil ou, após termos enfrentado uma situação que nos deixou tristes, por exemplo, podemos dizer que nos sentimos deprimidos, certo? Sim, o que não necessariamente nos coloca num quadro de depressão. A depressão como condição de saúde mental não se resume somente ao sentimento de tristeza ou apatia, nos sentirmos tristes por vezes, devido ao desapontamento ou por perdas ou ao lembramos de passagens ruins nas nossas vidas, é algo passageiro, momentâneo e que é um sentimento reativo aos nossos pensamentos no momento.

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Uma pessoa que sofra de depressão, apresenta sofrimento, digamos, mais difusos e não mandatoriamente sendo percebida por triste o tempo todo – como assim?

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Eu explico. Do ponto de vista psicopatológico, a depressão é representada pelo humor triste e pelo desânimo. Entretanto, os sinais e sintomas são muitos e podemos pensar em “famílias” ou grupos de sintomas: os sintomas afetivos, onde estão a tristeza, o choro fácil e frequente, sentimento de vazio, tédio, aborrecimento e irritabilidade aumentados, angústia, desespero e desesperança. Os sintomas neurovegetativos, por exemplo: fadiga e cansaço fácil, insônia ou hipersomnia (vontade de dormir), perda ou aumento do apetite, ausência ou diminuição da libido ou da resposta sexual. Os sintomas ideativos e digo que são os mais facilmente mascarados pelo contexto (pandemia, isolamento social, economia, por exemplo), que são: pessimismo em relação a tudo, arrependimento e culpa, ruminação de mágoas antigas, desejos de “desaparecer” ou dormir para sempre, ideação, planos ou atos suicidas. Temos ainda os sintomas cognitivos, dos quais cito: dificuldade de concentração, déficit de memória, incapacidade de tomar decisões simples.

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Percebem como são muitos? E mais as alterações na percepção do autovalor: autoestima diminuída, sentimento de insuficiência e incapacidade, vergonha e autodepreciação, ou, a própria psicomotricidade também afetada, daí são observados os sinais como a vontade de ficar na cama o dia todo, a diminuição da fala ou das interações sociais, negativismo e mutismo, vontade zero de interagir!

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Todos nós já nos sentimos assim ou assado em algum momento da vida? Com certeza. Os efeitos de vivermos constantemente sobrecarregados física e psiquicamente desencadeiam sofrimentos que, não raro, nos levam a quadros de ansiedade e depressão, minando a nossa autoestima e nos fazendo sentir insuficientes para lidarmos com tais pressões. Ok. O que caracteriza um transtorno mental é a intensidade e frequência dos sintomas que causem prejuízos significativos para o funcionamento familiar, profissional e social da pessoa. Sabemos que ninguém está imune a problemas como doenças, separações, perda de um ente querido, etc., e que desencadeiam um sentimento de tristeza. Porém, para uns, esta tristeza aos poucos vai sendo elaborada e diluída para que a vida prossiga. Para outros, esta sensação de tristeza é profunda, duradoura, prejudicando significativamente o dia a dia da pessoa. Cada um reage de uma maneira e isso nada tem a ver com ser fraco ou forte, ter muita ou pouca fé, ter vontade ou não em se ajudar.

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De qualquer forma, é preciso reconhecer a depressão como uma doença e que precisa ser tratada como tal, com protocolos de tratamento que, além de hábitos saudáveis, inclui essencialmente a psicoterapia e, na maioria dos casos, a medicação.

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A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é a linha teórica da psicologia com evidências científicas para o tratamento eficaz da depressão, proporcionando a psicoeducação do transtorno, dos sintomas e como eles chegam e nos afetam, assim como, de que forma podemos aliviá-los. A reestruturação do pensamento como um todo, passando pelas crenças de cada pessoa que são construídas por uma vida inteira e que se tornam, disfuncionalmente, verdades absolutas; a ativação comportamental – vamos dar um passinho de cada vez, vamos romper esse ciclo de “não fazer por não ter vontade, não ter vontade e por isso não fazer” inserindo pequenas atividades, mínimas que forem, e ativar ações do cotidiano? E que tal se listássemos pequenas, novamente, quase imperceptíveis, atividades que antes eram percebidas por prazerosas e que, hoje, não são percebidas assim? Podemos experimentar?

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Cada pessoa no seu ritmo, respeitando o tempo de cada um…passinhos de formiguinha, mas vamos em uma atitude totalmente colaborativa – paciente + psicólogo + psiquiatra (quando necessário mas gosto de pecar por excesso, faço questão de encaminhar sempre que percebo sofrimento significativo) buscar o bem-estar que todos merecemos sentir.

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Essa angústia que não passa, merece a sua devida atenção. Procure um profissional capacitado e habilitado a te ajudar.

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Depressão tem tratamento!

Com carinho,

Priscilla Freund.

Priscilla Freund

Psicóloga Sistêmica com especialização em Terapia Familiar e de Casal pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e Coach Executiva membro da Sociedade Latino-Americana de Coaching com especialização em Gestão Estratégica de Pessoas: Carreiras, Liderança e Coaching pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).

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