Não entendo o porquê de não acordar com um sorriso, ou, não usar a hashtag #SEXTOU nas redes sociais.
Sextas-feiras diferentes essas, sim?
Uma invertida geral no seu calendário, os dias que eram a semana inteira aguardados para estar em casa, curtindo a família, maratonando sua série favorita, colocando em ordem as suas coisas, lendo o livro que você se apaixonou pelo título, tudo tudo parece que já foi feito e o que você queria mesmo era voltar para o escritório, para a sala de aula, para qualquer lugar – mesmo que antes, esse lugar que lhe é percebido hoje como O-lugar-dos-sonhos-que-você-daria-tudo-para-estar-lá, fosse percebido como maçante, desagradável e entediante.
Lembra quando você dizia para os amigos, nas próprias sextas-feiras, que preferia morrer a ter que trabalhar naquele lugar X Y Z ?
É sobre esse sentimento que eu percebo suas preocupações, esperanças e seus desejos declarados em meio à essa desordem que estamos vivendo – um LUTO pessoal, familiar e coletivo.
Você seria capaz de usar esse momento para dar um passo para trás e descobrir uma nova perspectiva, outra maneira de enxergar essa situação?
Eu entendo que trabalhamos muito e conquistamos arduamente o direito de ir e vir, fazer, comprar, ficar, permanecer, o que seja. E igualmente percebo esse momento como um desafio que demanda discernimento para reconhecer que podemos encontrar uma outra maneira de interpretar a situação, e humildade para admitir a nossa limitação. Assim como, sabedoria para analisar o próprio ponto de vista e mudar de ideia, se assim servir.
Tenho estado mais presente nas redes sociais do que de costume – ora a trabalho, ora a lazer – e tenho me surpreendido com uma variedade de perdas simbólicas que vêm sendo postadas. O que são essas perdas? vamos identificar como faltas, vontade de ter algo ou alguém e que, diferentemente da falta real, carrega consigo o um simbolismo que, se observado dentro de um contexto conhecido, pode representar entre outras coisas, status, por exemplo.
Pessoas postando a sua dor pela falta de um chocolate, de um shampoo que só vende em um tal hipermercado em Miami, de poder passear com o carro tal na avenida tal de tal cidade de tal país, etc. Percebem aonde quero chegar? Claro, é evidente que dar um passo para trás e reinventar um jeito de viver o dia a dia é um desafio. Entretanto, há desafios maiores a serem superados em um cenário de pandemia, no qual o mundo está enfrentando uma batalha biológica jamais experimentada nessa magnitude, e com consequências sociais, econômicas, políticas e na saúde. Estamos falando de centenas de milhares de pessoas levadas à pobreza, outras tantas vidas perdidas. Um cenário de guerra.
Quando em sessão, na psicoterapia ou em desenvolvimento profissional, percebo a dificuldade do meu cliente em enxergar a situação sob lentes diferentes, proponho uma brincadeira que chamo por “Brincar de Deus”. Essa brincadeira consiste em “ olhar a vida do alto “, como um cenário, um set de filmagem, uma paisagem. Apenas assistindo a cena por um tempo.
Olhar para além da situação imediata nos oferece um entendimento mais amplo e valioso. Seja qual for o seu ponto de vista do que vivemos agora, você irá engrandecer a sua maneira de interpretar os fatos se ouvir e considerar respeitosamente àqueles que pensam diferentemente.
Recuar não é fácil, mas é sempre construtivo e pedagógico.
Com carinho,
Priscilla Freund
Realmente, tudo que falou neste texto e a nossa realidade de hoje.Nao sabemos nosso dis de amanha, nem na saude e tambem em nossos empregos.Situacso muito triste no mundo.Todos nos incertos do que possa acontecer
COLOCAR NAS MAOS DE DEUS