Você consegue, rapidamente, responder qual a saúde da sua relação a dois? Se precisasse classificar o seu sentimento em relação ao seu relacionamento em satisfeito ou insatisfeito, saberia por onde fazê-lo? Quando recebo casais, juntos ou não, em meu consultório, peço a eles que me façam essa classificação, posteriormente, peço que justifiquem tal resposta, ou como chegaram até ela. O que normalmente recebo por resposta é uma série de razões (sim, razões – bem racionais e bem redundantemente, racionais) que justificam estarem juntos, sejam os planos de vida que foram construídos há muitos anos, os sonhos que foram idealizados juntos, as expectativas das suas famílias de origem, a criação dos filhos, negócios em comum e, acreditem, até a participação colaborativa na vida do animal de estimação, dos pets em geral.
Novamente, refaço e esclareço que peço a eles uma classificação – satisfeitos ou insatisfeitos vivendo juntos? e recebo então uma réplica – “Como poderíamos responder, simplesmente, dizendo um sim ou um não?” e os acolho em uma contação de histórias, bem do tipo “Era uma vez os Quatro Cavaleiros do Apocalipse…“
Ok, não estou aqui para falar sobre religião. Os cavaleiros aos quais me refiro, são comportamentos negativos que, possivelmente, antecipam o divórcio. São eles: crítica, menosprezo, atitude defensiva e obstrução.
Todos nos queixamos, certo? claro. Mas a CRÍTICA vai além da queixa, ela é nociva, insulta o caráter, é generalizada e causa danos ao relacionamento com o passar do tempo. Exemplo: “Você esqueceu de novo de pagar a conta de luz? Meu, é incrível o seu descomprometimento com os pagamentos, como você é irresponsável! Não te ensinaram a ser honesto? É sempre isso!”
O próximo é o MENOSPREZO. Esse é o mais corrosivo: ele destrói mais que a crítica porque é desrespeitoso com o Outro, ele usa de sarcasmos, cinismo, insultos, piadas jocosas, viradas de olhos e tiradas de sarros – humor negro total e quem o aplica, percebe-se superior na relação. Exemplo: “Ah, tá bom – você jura que acredita que vão parar o que estão fazendo para ouvir o que você tem a dizer na reunião? A-há! Fala mais alto para ver se acredita no que está falando!”
O terceiro é a ATITUDE DEFENSIVA. É normal e esperado que possamos usá-la na proteção de ataques recebidos, mas é prejudicial numa relação, pois quase sempre se torna um CONTRA-ATAQUE e UM-ACUSA-O-OUTRO sem fim. Parceiros que seguem responsabilizando uns aos outros pelos próprios comportamentos. Exemplo: “Você acha legal falar para toda a sua família o que conversamos em casa?” versus “Ué, mas não é exatamente o que você faz quando se junta com as suas irmãs?” (…) a atitude defensiva tem seu lado infantil – sabe, dar o troco? Pois é.
E o resultado dessa dinâmica, após muita crítica, muito menosprezo e atitude defensiva, natural que chegue a OBSTRUÇÃO, que nada mais é do que a ausência completa da interação – nada de contato visual, nenhum sinal de interesse em interagir e nenhuma resposta verbal: é o ignorar totalmente o Outro mandando uma resposta clara – “NÃO ESTOU TE VENDO SEQUER TE OUVINDO”.
Esses são verdadeiros sinais de perigo à relação e corroem qualquer relacionamento, e vou além, corroem a alma.
E os casais me questionam de que forma, essa história poderia os ajudar a responder em uma classificação, a saúde dos seus relacionamentos, e eu os respondo dizendo, se vocês se perceberam em um dos meus exemplos, se identificaram a visita de um desses quatro cavaleiros, acredito que já tenho a resposta da qual preciso.
E os casais me questionam de que forma, essa história poderia os ajudar a responder em uma classificação, a saúde dos seus relacionamentos, e eu os respondo dizendo, se vocês se perceberam em um dos meus exemplos, se identificaram a visita de um desses quatro cavaleiros, acredito que já tenho a resposta da qual preciso.
Claro que adoraria contar o final de uma história diferente, dizendo “…e viveram felizes para sempre,” entretanto, se há um desses cavaleiros presente na relação de vocês, não precisamos de spoiler para saber que a relação a dois esteja rumando ao divórcio, ou seja lá o nome que possamos dar ao fim.
Com carinho,
Priscilla Freund
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