Dá para relevar? Então releve, a saúde da sua relação agradece e você não ganha dores de cabeça.
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Quantas vezes você poderia ter evitado uma discussão ou, não ter topado entrar em uma, se tivesse, em segundos, percebido o grau de relevância?
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Estávamos, eu e meu marido, na cozinha tentando “salvar” alguns alimentos na geladeira após termos percebido que ela (a geladeira) deixou de funcionar e perdeu temperatura durante a noite e, tivemos a ideia de usar a do salão de festas do condomínio, momentaneamente, até a nova chegar.
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A CENA: eu querendo jogar algumas coisas que, há dias não comemos e possivelmente não vamos comer, fora e ele pegando tudo de volta alegando que iria comer ainda. Eu, aproveitando para limpar algumas embalagens de iogurte e etc, e ele dizendo que o foco não era esse, agora era hora de levar as coisas lá para o salão de festas. Eu, irritada em ver a cozinha toda com água “suja” e ele, transitando tranquilamente pela casa – pisando na água no chão da cozinha, na sala, pela lavanderia E MAIS: ouvindo uma rádio alemã e cantando!
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Teve uma hora que, eu quase “surtando”, lembrei que era melhor estar naquela situação com ele, do que sozinha e, ao ver a tranquilidade com que ele conduzia as coisas – cantando, dançando e colocando as coisas nas sacolas – parei, respirei e disse a ele: “Eu pirei, tudo isso, logo ao acordar, tá demais pra mim. Eu só queria tomar café, em paz” – ele me olhou e sim, rimos.
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Ri por estar nessa situação que em nada, me afeta fisicamente ou emocionalmente. Não me/nos colocava em risco algum. Qual o grau de relevância para, num minuto, começar uma discussão e perder um dia lindo como o de hoje ou, perdermos o nosso humor?
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Ele riu por eu ter sinalizado que estava “demais” para mim e que EU não estava conseguindo lidar com aquela bagunça e a frustração de ver a cozinha “suja”.
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Ri e assumi que EU estava a beira de entrar numa “piração” por questões minhas – preocupação quase neurótica com limpeza, arrumação, etc. Eu cresci ouvindo que “não era para pisar no tapete”, “não era para passar para o cômodo X porque estava limpo”, “que não podíamos deixar cair nada no sofá ou pôr os pés em cima” (desse mesmo sofá) ao sentar confortável em um momento de relaxamento e descontração – como assim, então não seria o contrário e após limpo o cômodo, podermos usufruir dele? Ou, não compramos um sofá bacana para relaxarmos em família? Ou, para que serveria um tapete que não podemos pisar?
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Essas falas não são minhas, essa história não é a do meu casamento, e não quero que a minha relação se desgaste com tão pouco. Há de se escolher onde e como “gastarmos” as fichas da falta de boas maneiras com o pareciro/ a parceira. Fatores estressantes ao casal terão muitos, incontáveis. Mas, saber reconhecer o grau de relevância para usar tais fichas de raiva, explosões, comunicação agressiva e gestos destrutivos é uma das maneiras mais simples de manter uma relação saudável.
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Valia a pena encrencar com o Outro?
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NEM UM POUCO. Dei risada, fiquei feliz que era ELE quem estava na cozinha comigo e lembrei que, para convivermos felizes em um casamento, precisamos respeitar algumas regras de etiqueta, essa é uma: relevar.
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Sua relação, sua cabeça e seu coração agradecem!
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Com carinho,
Priscilla Freund